sexta-feira, 23 de julho de 2021

TELMA SCHERER


 

Observações da escritora e artista visual  TELMA SCHERER sobre 

“Engole esse choro”:

 

“O teu livro tem um charme todo especial para a minha geração por mostrar as coisas dos anos 70, esse ambiente que pra gente é tão sonhado e fez a nossa cabeça, como referência. A vestimenta do Voltaire, a Mirinda, tem muitos detalhes de caracterização que encantam a gente, até os tecidos das roupas, são detalhes que brilham.

Um  livro muito bem estruturado, uma narrativa incrível, bota o dedo na ferida. 

Esse teu romance desde o momento na roda-gigante fisga a gente para dentro do livro. A gente fica seduzida, é muito envolvente, com várias questões de mistérios, emoções fortes. A linguagem é leve e a gente brinca junto com Eleonora. E vai descobrindo as coisas com ela.

Um livro que vem a tona num momento certo.”

CARTAS:

“Eu pessoalmente acho que as cartas inserem mais polifonia no teu romance. Estão super bem produzidas, a gente percebe cada autor delas de um jeito íntegro. Cada uma com a linguagem bem característica, com a personagem-autor super bem caracterizado.

E as cartas também se inserem naquele momento histórico, de um modo muito preciso elas mostram como as coisas aconteciam naquele momento. Então não acho que se possa fazer uma crítica a elas, não. Do meu ponto de vista, elas são um ponto alto.

Dá muito nojo do guri, mas, ao mesmo tempo, a gente percebe ele como fruto daquela sociedade.

A amizade com o Frei, também! Como ele tenta esclarecer as coisas para ela, percebendo a sensibilidade que ela tem, como é esperta para as coisas.”

PERSONAGENS:

“Fiquei muito tocada pela professora de artes. Nossa. É um dos pontos altos do livro.

Também a conversa dela com Voltaire. É um momento de clímax. 

O pai tem posturas tão escorregadias... A gente fica torcendo muito pra que ele se revele alguém com uma sensibilidade maior para as questões da formação política da filha. Ele é bem fdp, mas inicialmente não parece, quando conversa com adultos, ser tão fdp quanto é. Eu acho que isso dá consistência à personagem. Quando a menina sabe que o pai da colega vai ser preso, p.ex., esse é um ponto algo. A gente sabe que o cara alcaguetou. Enfim, não sei se fiz a leitura correta, mas foi o que me pareceu.

A coisa da primeira pessoa, no hospício, eu só percebi que era a Eleonora no final! A coisa da filha bastarda que trabalha na casa do pai, nossa! É bem impactante.”


EDIÇÃO:

“O livro é lindo! O livro está bem editado, isso que importa!

Acho que ele precisa chegar às pessoas e ser lido, porque é um livro necessário.

Parabéns, Laura, grande romance sobre o lado obscuro do país durante a ditadura.”

 

TELMA SCHERER é professora de literatura brasileira na Universidade Federal de Santa Catarina. 

Autora:

*Desconjunto - Instituto Estadual do Livro/RS, Coleção 2000, poesia, lançado em 2002
*Rumor da casa - Editora 7 Letras, Fumproarte, poesia, lançado em 2008
*Depois da água - Editora Nave, Prêmio Elisabete Anderle, poesia, 2014
*Entre o vento e o peso da página - editora Medusa, poesia expandida/livro de artista, 2018
*Lugares ogros - Caiaponte edições, narrativa, 2019
*O sono de Cronos - Terra Redonda, poesia, 2019
*Squirt - Terra Redonda, poesia, 2019.

*Não alimente a escritora, poesia, 2021.

*As Avessas, romance, 2021.

No facebook, um carinho:

 #40diasdeprosa

 “Vou começar a minha série de #40diasdeprosa com esse romance da Laura Peixoto que li nos últimos dias. E começar com esse livro é também voltar às origens, pois a autora é de Lajeado e foi minha primeira professora de teatro ♡.

O tema do romance não poderia ser mais espinhoso e coloca todos os dedos na ferida do silenciamento dos abusos e violências da época da ditadura.

A ação está centrada em 1974 e Eleonora tem apenas 13 anos de idade. Ela testemunha várias ocorrências de perseguição a moradores de Lacônia do Sul que são acusados de comunistas.

Todo esse cenário escabroso é narrado com um ritmo muito vívido, leve e colorido. A amarração narrativa garante surpresas incríveis no final.

Misto de jornalismo e ficção, o livro é fruto de muita pesquisa. As questões culturais, as questões de gênero, o papel da igreja, dos professores e estudantes naquele contexto estão muito bem colocados.

Um texto necessário e que dá uma ideia precisa a respeito do modo como os crimes do terrorismo de estado foram vivenciados (e silenciados) no interior.

A autora financiou a edição, adicionem a Laura e comprem o livro dela. Eu fui fisgada já na cena de abertura, e essa leitura proporcionou-me uma visita a uma Lajeado que não conheci, mas cujos ecos com certeza me constituem.” 

Disponível nas livrarias: Cometa Livraria e Papelaria, Livraria Vitrola, em Lajeado. Bamboletras, Porto Alegre. Navegar, em Garopaba.